Com vocês a entrevista que fiz com Cidália Castro. ( @CidaliaCastro ) a minha diva Brasileira .
Legenda M = Má - Ci = Cidália
M = Oi, Ci.. Muito obrigada por ser essa fofa de sempre comigo...
Ci = -Mas como não ter carinho com uma pessoa tão doce como você ?
M = Primeiramente gostaria que você contasse um pouquinho de como esta a sua vida profissional, sei que ta a maior loucura .. hehe.
Ci = Olha, vou dizer que está mesmo! Estou ensaiando diariamente para o musical O Médico e o Monstro (Jekyll and Hyde), que tem estréia prevista para 8 de julho de 2010, e o processo é bastante intenso, porque esse musical tem algo de especial em relação aos outros, é que é quase uma criação coletiva, praticamente do rascunho, em relação às cenas e movimentação de palco, e a parte musical é bastante elaborada, por vezes difícil, muitas notas altas, mas belíssimo. Acho que será um grande sucesso.
Ci = Os ensaios duram o dia inteiro, mal temos tempo para decorar texto e músicas em casa, a gente tem que optar entre dormir bem e estudar, de tão curto que está o tempo. Só temos uma folga por semana! (isso eu respondi há alguns meses, e a falta de tempo me fez demorar a responder o resto, então... agora não está muito diferente disso, e vai “piorar” – fim de ano agitadíssimo, horas de viagens, shows por algumas partes do Brasil, pós Jekyll, que acabou antes do previsto, e agora em janeiro/2011, ensaios frenéticos para o musical Evita!)
M = Desde quando você canta e atua ?
Ci = Canto profissionalmente desde uns 17, 18 anos (canto desde os três anos de idade, mas só consegui trabalhar com isso depois de completar o segundo grau – tem até uma gravação minha com três anos e meio cantando algumas coisas, como chega de saudade, do Tom Jobim, e o tema da Branca de Neve... Minha mãe me ensinava a cantar essas músicas)
Ci = Já atuar veio um pouquinho mais tarde, com um teste que um cantor amigo meu me indicou em 2000, eu acabei passando (nem acreditava que passaria, pois era outro elemento tão diferente, atuar cantando, cantar atuando), he he... Foi desafiador pela novidade da atuação e pelas músicas, que eram desconhecidas e difíceis, entre elas a And I Am telling You I’m Not Going, do Dreamgirls (que na época ninguém conhecia, o diretor trouxe dos EUA para por na peça, e foi uma sensação na época, as pessoas me aplaudiam em cena aberta, no meio da música. Foi um senhor começo no teatro musical, devo dizer...Um grande presente). Mas foi um mundo novo e fascinante pra mim... e o resto é história. Meu lado pop me ajudou no teatro e o teatro melhorou muito minha performance nos shows.
M = Pensava em fazer outro tipo de trabalho ?
Ci = Não consigo me imaginar fazendo nada diferente... Todas as outras coisas que sei, além do fato de eu tê-las aprendido sozinha (sou autodidata em algumas coisas), eu vejo como hobby, e exatamente por ser autodidata não me vejo apta a trabalhar com nenhuma delas – Não tive tempo de estudar mais nada, porque já comecei a trabalhar de cara, depois de terminar o colégio. Logo no primeiro ano de carreira, lancei disco com minha primeira banda, tinha música em novela da Globo, fiz alguns programas da Xuxa e vários outros programas de TV, enfim, logo em seguida eu já estava saindo em uma tour com o cantor Flavio Venturini pelo Brasil, cantando alguns duetos com ele e aproveitando para fazer vocais de apoio, emendei com Alceu Valença, depois Tim Maia, Cidade Negra, gravei meus CDs solo, enfim... Não deu nem tempo de parar e me especializar em mais nada a não ser música, que eu priorizei por ser o ofício que eu escolhi.
M = [ Legal, Eu vi o vídeo em que você esta cantando com a Rosana e outros na Xuxa, inclusive tenho ele. O Alceu Valença é primo da minha avó por parte de pai, eu tenho muita vontade de conhecê-lo , faltou oportunidade =/ ]
M = Já chegou a trabalhar com outras coisas ?
Ci = Nunca, sempre vivi de música... E deixei a minha família por parte de pai maluca com isso... (Pra eles, se não tiver um “college degree”, um diploma de “trabalho de verdade”, não serve). E não me arrependo. He he He. Em compensação sou o orgulho da minha família por parte de mãe, que é toda de artistas, minha avó era cantora, meu avô era trumpetista, entre meus tios há cantores, artesãos, estilistas, e por aí vai... ;)
M = Vi no seu blog um vídeo sobre pandas, você gosta ? [ *__* Eu amo].
Ci = Ah, eu amo pandas, koalas, bichos em geral... Eu morava em sítio, e tinha muitos bichinhos. Muitos mesmo – já tive de uma vez 18 gatos, 7 cachorros, 1 cavalo(que jurava que era cachorro – longa história), 2 coelhos, fora o bando de galinhas (que tinham nome e morria de velhas..hahahaha)... Sempre amei bichos. Não tenho nenhum agora porque com a correria da minha vida, não teria como cuidar deles com carinho, ficaria muito preocupada, e moro em apartamento, acho uma judiação um bichinho trancado em apartamento...
M = [ Cavalo cachorro , ou cachorro cavalo ? hahahaha Essa foi hilária, quero saber de tudo depois ]
M = Vi também que não foi a favor (e ainda não deve ser) do acordo ortográfico. Eu também me confundo até hoje com isso =/
Ci = Gente... Destesto essa história de reforma ortográfica, acho um erro, uma confusão desnecessária... Tanta reforma pra fazer, vai mexer logo no português, que o povo nem sabe mais falar e escrever direito do jeito que está... Ai ai... esse assunto é bem polêmico, enfim... Dá pano pra manga.
M = ‘Because of you’ é uma das músicas que vc citou ter a ver com a sua vida. Tem outras que queira citar ?
Ci = Música sempre pontuou minha vida, tudo meu tem trilha sonora, sabe? Eu na verdade penso em música e associo quase tudo a música, é como se um rádio ficasse eternamente tocando na minha cabeça (parece maluquice, mas outros músicos devem ser assim, só não falam pra não passarem por lunáticos...). Tem um fato interessante, por exemplo sobre uma música da Mariah Carey, as músicas dela têm sempre essas temáticas pessoais, então sempre caem bem para diversas ocasiões. Mas sabe quando o “acaso” faz as coisas ficarem sincronizadas com perfeição? Uma vez eu fiz um teste para um concurso de TV para cantores- bem antes do Fama, do Ídolos, antes dessa leva do Raul Gil, que começou em 2001. Era 1999. Fui bem no teste (que era filmado) a ponto de até os câmeras e os outros candidatos me aplaudirem- Quem estava lá comigo pode dizer, não é mentira de pescador. Fui para casa achando que tinha conseguido entrar no meu programa, com o teste que fiz. Aí, nada de me falarem nada, até que um dia, vi que o programa tinha estreado e eu não passei – as coisas no meio artístico são assim, ninguém te dá uma satisfação, só quando te querem. (Depois eu fiquei sabendo do real motivo de não passar, que era bem o contrário do que eu tinha pensado, era ‘armação de gravadora’, enfim, detalhes um dia conto em minha biografia...) Enfim, nesse dia eu tinha comprado o álbum Rainbow, e não tinha escutado ele ainda, tinha acabado de lançar. Aí me deu ma tristeza muito grande, me senti mal, comecei a duvidar do meu talento, aquelas coisas que de vez em quando acontecem. Fiquei realmente mal. Aí fui ouvir o cd para parar de chorar e tentar melhorar o astral, e pulei a primeira faixa, que era a que tocava em rádio, queria conhecer as outras. E deixei rolar. E veio a letra de Can’t Take That Away . Nunca uma música significou tanto quanto aquela naquele exato momento. Minha força voltou toda com aquelas palavras. Uma cantora que eu admirava, com tanto sucesso, mas falando de algo que nos atinge indistintamente, que é a insegurança e a crítica e maledicência alheia, e aquela declaração de força e certeza – “tem uma luz em mim que brilha intensamente- podem tentar, mas isso eles nunca poderão tirar de mim”, e por aí vai, me bateu como uma energia extra, me deu chão de novo. Foi muito forte. Me emociono até hoje. Parecia um sinal de Deus, vindo pela voz de alguém que eu tanto admirava, na hora em que eu mais precisava, e tudo que eu precisava ouvir. Muitas vezes isso acontece comigo, é como se fosse a maneira de Deus de se comunicar comigo.
M = [Legal, Eu lembro de vc no Raul Gil. Engraçado que não sou cantora, mas componho algumas coisas, sou apaixonada por letra e sinto o mesmo que vc, além disso CTTA arrepia qqr um, néah ? ]
M = O que você costuma ouvir de música ? Fora MC que a gente sabe que você adora !
Ci = Nossa, eu estou sempre pesquisando, descobrindo coisas, coisa de músico, né? A gente nunca para de pesquisar, ir fundo... Eu comecei escutando muita coisa de pop rock, que aliás deve muita gente que nunca ouviu falar, como Peter Cetera, Chicago, Bill Champlin (desses três eu confesso ter tido muita influência, são cantores e um grupo americano, aliás esses cantores saíram desse grupo), Level 42, Toto, Taylor Dayne, Van Halen (é! He He), e por aí vai. E aí eu vou atrás dos trabalhos dos compositores que cederam músicas para essas pessoas gravarem (David Foster, Bobby Caldwell, Steve Kipner, Randy Goodrum, etc), aí vem a parte Black, que começa em Stevie Wonder (acho que tenho a discografia toda dele, volta e meia eu escuto ele, por horas...), Gladys Knight, Minnie Riperton, entre outros. Aí dos mais recentes, tem gente mais conhecida aqui e menos: Mint Condition, Incognito, Will Young, Celine Dion, Lady Gaga, Danny Gokey (esse rapaz, que foi da edição de 2008 do American Idol, me arrepia com a voz e o jeito de interpretar as músicas – e eu confesso que pra me arrepiar tem que ser muito especial, sou meio chatinha com essas coisas...) Tem as pérolas brasileiras também, óbvio, Tom Jobim, Ivan Lins, Flavio Venturini, Ed Motta, Djavan, Carlos Dafé, Cassiano, Marcos Valle, ah, se eu for falar de tudo aqui quem ler vai para no meio, de tédio... hahahahaha
M = [ Procurando música de todos os que eu não conheço desesperadamente, pois o seu bom gosto é inquestionável hahaha ]
M = O que te fez virar fã dela ?
Ci = Sabe quando você escuta uma coisa que te arrebata completamente? Ela foi sem dúvida um divisor de águas, foi um impacto inacreditável. Nunca tinha ouvido uma voz assim até então – e confesso que até hoje ainda não consegui escutar uma voz tão especial como a dela, nem sei explicar, acho que é coisa lá de cima, né... Eu tinha várias referências, me espelhava de certa forma em algumas, me identificava com certos aspectos (os graves de uma, os agudos de outra, o timbre de outra, etc), mas fora a cantora Taylor Dayne, não tinha mais nenhuma cantora em quem eu me inspirava verdadeiramente, curiosamente eu praticamente só gostava de ouvir homens cantando – não sei explicar o porquê, acho que é porque eu gosto muito de vozes graves, sempre admirei. De repente ela apareceu e personificou tudo que eu sonhava em ser, tanto em termos de técnica vocal como a coisa de ser compositora, de ter autonomia sobre os arranjos das músicas, inclusive os vocais, sempre adorei essa coisa de gravar as vozes sobrepostas e construir vocais, enfim... Fora a voz completa, timbre inacreditável, extensão enorme, agudos fáceis e graves fáceis, a interpretação emocionada, impactante, etc... [Mesmo quando eu não tinha recursos (um programa multicanal para sobrepor vozes mais facilmente, como atualmente tenho o Pro Tools, que é o software de gravação de 9 entre 10 estúdios no mundo) eu dava um jeito de gravar vocais, vozes sobrepostas, harmonizando, gravava em um gravador de dois decks, e ia passando de um para o outro, copiando, mas a gravação ficava degradada, não é como cópia digital, cada vez que se copiava de fita para fita o som piorava, deteriorava]. E depois daquele vídeo Here Is Mariah Carey, ficou muito claro pra mim que era aquilo que eu ia fazer da minha vida, viver de música. Fora a história de vida, me identifiquei logo de cara, a infância pobre, a discriminação que eu também sofri – não por ser miscigenada, mas por ser pobre, entre outras coisas que um dia eu conto com mais calma, o amor pelos bichos, a paixão pela música, a influência direta da mãe na formação musical, os problemas com meu pai... É uma lista interminável.
Ci = Só para ilustrar, duas coincidências que parecem bobas, mas que me espantaram demais: quando eu me casei, a música que foi tema do meu casamento era You and I. Mas eu não fazia a menor idéia de que a música de casamento da Mariah com o Tommy Mottola era essa mesma, eu fiquei passada quando descobri. Fora que o meu casamento teve quase a mesma duração que o dela, o abuso psicológico, entre outros detalhes que ficam pra outra entrevista... He He
M = [ Então já aceitou ser entrevistada novamente ? *__* , ameyyy! ]
Ci = E a morte do pai dela. Meu pai teve câncer, e quando o pai dela morreu, em 4 de julho de 2002, me deu um aperto no coração e eu pensei: “se as coincidências forem tantas assim, meu pai vai morrer logo em seguida, ai meu Deus”. No dia 2 de agosto meu pai morreu. Eu me arrepio com essas coisas, tem umas coisas muito loucas, meio surreais, parece até mentira, enfim...
M = Qual música dela você mais gosta hoje ?
Ci = Do repertório atual, eu tenho ouvido muito Ribbon, adoro aqueles sintetizadores que soam meio anos 80 no arranjo. Adoro languishing. Agora no Merry Christmas II You eu amo Charlie Brown Christmas, por ter uma onda meio anos 70, meio Stevie Wonder. Me emociono toda vez que vejo ela e a mãe cantando juntas, o cd me impressionou inclusive pelo fato de a voz dela estar fantástica, limpa, firme, fiquei bastante feliz! Ouço ele todo, deixo tocar. Não é com todos os CDs que faço isso. Esse é um dos poucos.
M = O que acha dela engravidar ?
Ci = Bem, a pergunta foi feita antes de tudo se confirmar, mas a minha resposta seria mais ou menos a mesma: Se é para ela ser feliz e isso for algo que a completa, é pra ir fundo mesmo, se ser mãe é um sonho dou força, apesar de pensar que é algo complicado botar filho no mundo hoje em dia, ela tem estrutura financeira e isso é muito bom; mas ao mesmo tempo essa criança nunca vai saber o que é ir na esquina comprar uma bala, ir na casa do vizinho pra brincar sozinho, por causa da fama da mãe, que é uma coisa que ele não escolheu. Mas se for pensar bem, nem as crianças anônimas podem mais fazer isso, muitas, por exemplo, vão para a escola sozinhas e correm o risco de não voltar pra casa, a violência está tão avassaladora que nós somos prisioneiros, enquanto os bandidos é que são “livres”, por toda essa problemática de polícia ganhando MUITO mal e consequentemente fazendo menos do que deveria, alguns se corrompendo e passando para o “lado negro da força”, etc, e tantos outros motivos, enfim, inversão de valores, etc. E as grandes vítimas somos nós mesmos. Então também é aquela coisa: se tiver que ser, nada impede. Então, o importante é ser feliz. Ela precisa parar de ser apenas uma maquininha de fazer sucesso, uma maquininha de trabalhar, e ter uma vida pessoal; acho que graças a Deus ela já entendeu isso. Chega de adiar a felicidade. Ela merece.
M = O que acha das novas cantoras se inspirarem nela ?
Ci = Bem, eu mesma me inspirei, é um fato normal, as pessoas que se destacam são as que mais inspiram aspirantes a cantoras(es), o que é bom é sempre agregado à colcha de retalhos que são as influências que formam o nosso estilo. O que eu não acho legal é quem imita completamente um artista, porque no fim das contas vai acabar vivendo à sombra desse artista; o ideal é sempre buscar ter um estilo próprio- O que não é fácil, principalmente nos dias de hoje, com tanta coisa que já surgiu, já foi inventada... Inspiração sim, cópia não. Pelo bem do artista novato. Se já há uma Mariah, por exemplo, é quase impossível a indústria se interessar por uma cópia dela, vai querer algo novo, a indústria vive de novidades, não de fabricação em série de uma coisa só. Até porque ninguém consegue ser igual a ninguém. Cada um nasce com um timbre único, timbre é igual impressão digital, é pessoal e intransferível. O ideal é buscar o que combine com seu timbre ( É bem difícil
Ci = Pois chega uma altura em que você se confunde com suas influências, você começa se espelhando nelas, depois, se você é meio obsessiva, você perde a noção de onde termina você e onde começa o outro, há de se ficar atento, cantar coisas diferentes para ver como você se comporta sem estar “cantando junto com seu artista preferido”- aí é que você começa a notar a sua personalidade tomando lugar, e aí é que as coisas começam a ficar interessantes.), o que você se sente mais confortável cantando, e por aí vai. Se você não busca a sua identidade, no fim das contas ou vai se perder da sua própria ou no mínimo vai ser uma pessoa eternamente frustrada, pelo que eu disse anteriormente. Ninguém é igual a ninguém. E é aí que está a graça. Ser único.
M = Vamos à rapidinha ?
M = Amor ?
Ci = Fundamental.
M = Deus ?
Ci = Sempre presente.
M = Amizade ?
Ci = Mola propulsora da vida.
M = Dinheiro ?
Ci = Necessário.
M = Sexo ?
Ci = Não pode banalizar.
M = Vida ?
Ci = Energia.
M = Pessoa especial ?
Ci = Mãe.
M = Mande uma mensagem para os leitores!
Ci = Queridos, sempre sejam autênticos, sejam sempre fiéis a vocês mesmos. Isso é libertador. Parece óbvio, mas não é, somos movidos a convenções sociais. Olhem para dentro de si mesmos e se perguntem se estão sendo honestos com vocês mesmos, sempre. A vida é aqui e agora. Façam dela algo memorável e glorioso. Um grande beijo e um grande início de década a todos!
M= Ci, Novamente muito obrigada por tudo.. o ‘atraso’ na entrega da entrevista foi providencial.. você me deu um presente de natal e ano novo junto. ;* Muita Luz, Su$sesso e tudo o mais que essa vida pode lhe oferecer de bom, beijão!
Na próxima postagem , mais sobre essa cantora, atriz e dubladora super fofa e talentosa!
NÃO PERCAM.
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